terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O constante querer...


Deparo-me com o absurdo.....

Como posso eu querer mudar o outro???

Será um vício? um comportamento egoista? um querer espelhar-me?

Estou convicto que muitos de nós já nos apercebemos desta faceta e senão fizemos esse juízo de valor, de forma autónoma, alguém já nos fez esse reparo. "estás sempre a tentar mudar-me, a impôr-te"

Explicando melhor:

O exemplo mais concreto insere-se no relacionamento entre casais, em que, ambos tentam colocar o comportamento do outro o mais parecido com o próprio, digamos um luta eterna que jamais será vencida.

"podemos mudar uma montanha de lugar, mas a personalidade de alguém é imutável"

Muitos dos conflitos entre os casais residem exactamente aqui, mas não só, claro.

Este comportamento mútuo pode levar ao entrave constante de uma personalidade, pois num casal existe por norma, alguém que tem maior capacidade de cedência/ tolerância / humildade. Cabe à outra parte (mais argumentativo, mais controlador, mais dinâmico) respeitar ao máximo a humildade do outro.

Os amigos do casal tecem quase sempre este comentário: "desde que namoras /casaste com X, nunca mais foste o(a) mesmo(a)", nada mais verdadeiro, pois a personalidade está a ser constantemente limitada à sobreposição de outrem.

Está intrinseco a nós esta condição... querer que o mundo gire à nossa volta e não nós à volta do mundo.

Na amizade existe também este comportamento, a existência de grupos é disso um exemplo. Também por norma possui um líder, que incute nos seus pares um determinado comportamento que pensa ser o mais adequado. Quem emana desse grupo normalmente inicia também comportamentos diferentes dos que tinha. Os primeiros a aperceberem-se disso são os pais e amigos mais próximos. "desde que te juntaste àqueles, mudaste"

A questão reside agora.....;)

Quem sou eu para dizer que o meu pensamento / comportamento / atitude / perspectiva é o correcto? Anulando, evaporando, suspendendo o pensamento /... do outro.

A minha resposta é muito simples..... De facto não sou ninguém. lol

A incondicionalidade do amor está aqui.

Quando cada um de nós perceber / incutir / aceitar o outro como ser paralelo a nós, mas não tranversal ou sobreponível, este "constante querer" dissipa-se em detrimento do amor / amizade incondicional.

Creio que o amor conjugal , fraterno, amigo evolui / aumenta quando nos aceitamos tal como somos, iguais na diferença.


Cumps

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